quarta-feira, 9 de maio de 2012

Eu perdi minha salvação?



Infelizmente é comum ouvirmos essa expressão no meio cristão, isso quando ela também não é usada por outras pessoas para dizerem: “Fulano perdeu a salvação”.

Gostaria de iniciar esse texto dizendo o seguinte: a salvação não é um objeto ou um chaveiro que cai acidentalmente do seu bolso fazendo com que você venha perdê-la. Por isso muito cuidado ao dizer “eu perdi minha salvação” ou “fulano perdeu a salvação dele”.

A segurança do cristão:

A segurança está baseada na graça de Deus e no fato de que a vida eterna é um dom eterno. Quando uma pessoa crê em Cristo, é levada a ter um relacionamento com Deus, que a certifica da segurança de sua salvação.

Obviamente isso é verdade somente para as pessoas que nasceram de novo. Há os que professam a fé, mas não possuem vida. Às vezes, é possível fazer um julgamento razoável (e até com acerto) de se determinada pessoa apenas professa ter ou se, de fato, possui a vida eterna. Outras vezes isso não é possível, devemos analisar se tal pessoa possui de fato os frutos do Espírito e leva uma vida de comunhão com Deus. A salvação do regenerado é garantida por seu relacionamento com Deus, por meio da fé.

1- Razões de segurança relacionadas ao Pai:

a) Seu propósito - O propósito de Deus era glorificar o mesmo grupo que Ele predestinou, chamou e justificou (Rm 8:30). Essa afirmação ousada não poderia ser feita se algum membro desse grupo pudesse perder a salvação. Se assim fosse, então aqueles que Deus justificou poderia não ser os mesmos que Ele glorificou. Contudo, o texto diz que são os mesmos.

b) Seu poder - Muitos concordariam que o poder de Deus é capaz de guardar o cristão (e de fato é, Jd 24), mas outros argumentam que esse poder será retirado se a pessoa renunciar a fé. Contudo, Jesus disse que estamos seguros em suas mãos e nas mãos do Pai, e que ninguém pode arrancar o cristão desse lugar de segurança (Jo 10:28,29).

“Ninguém” quer dizer ninguém, nem mesmo a própria pessoa. A promessa não diz “ninguém, a não ser a própria pessoa” pode tirar o cristão das mãos de Deus. Ela diz “ninguém”.

2- Razões de segurança relacionadas ao Filho:

a) Sua morte - Paulo faz duas perguntas em Romanos 8:33,34: “Quem intentará acusações contra os eleitos de Deus? [...] Quem os condenará?” Sua resposta, dizendo que ninguém pode fazê-lo, está baseada na morte, ressurreição, intercessão e advocacia de Cristo (v. 34). Se um pecado qualquer pode desfazer a salvação de um cristão, então a morte de Cristo não pagou por aquele pecado. Mas, segundo Paulo, ele pagou. O próprio Senhor disse que não perderia nenhum daqueles que o Pai lhe deu (Jo 6:39,40). Todo o que nele crê será ressuscitado no último dia, não somente o que crê e persevera.

b) Suas orações - O ministério atual de Cristo de intercessão nos céus possui dois aspectos: um ministério preventivo (intercessão) e um ministério curativo (advocatício). Sua oração em João 17 ilustra o aspecto preventivo.

Naquele momento, Jesus orou para que fôssemos guardados do mal (v. 15), santificados (v.17), para que pudéssemos ficar unidos (v. 21), para que estivéssemos com Ele no céu (v. 24) e que contemplássemos sua glória (v. 24). Por causa de sua constante intercessão por nós, ele é capaz de nos salvar completa e eternamente (Hb 7:25).

A defesa de Jesus entra em ação quando pecamos (1 Jo 2:1). Eu insisto, se qualquer pecado pode desfazer a salvação (e, em tese, qualquer um poderia), então Satanás sempre teria uma causa ganha contra o cristão, quando pecasse (Ap 12:10). Poderia, com justiça, exigir a condenação eterna do cristão e, se não fosse pelo nosso advogado, estaríamos condenados.

Porém, o Senhor aponta para sua obra no Calvário, que removeu a culpa de todos nossos os pecados, aqueles cometidos antes e depois de nossa salvação. Isso é o bastante para responder às acusações satânicas. É como diz o poema:

Eu pequei. E imediatamente depois,
Satanás voou para diante da presença do Deus Altíssimo.
E ali ele fez uma acusação injuriosa.
Ele disse: “Essa alma, coisa feita de barro e relva, pecou.
É verdade que ele carrega vosso nome.
Mas exijo sua morte, pois tu mesmo disseste:
“A alma que pecar, essa morrerá”.
Não será essa sentença cumprida? Está morta a justiça?
Envie agora essa alma pecadora a seu destino.
Que outra coisa pode fazer o justo juiz?”
E assim ele fez, me acusando dia e noite.
Toda palavra que ele disse, ó Deus, era verdade!
Então, rapidamente alguém se levantou da destra de Deus.
Diante dessa glória os anjos esconderam suas faces.
Ele falou: “Cada i e til da lei deve ser cumprido;
O pecador culpado deve morrer!
Mas espere, suponha que toda sua culpa fosse transferida para mim,
E eu tivesse pago a sua penalidade!
Veja minhas mãos, meu lado, meus pés! Um dia eu fui feito pecado por ele.
Morri para que ele pudesse ser apresentado sem culpa, diante de teu trono!”
E Satanás fugiu. Ele bem sabia que não poderia suportar tanto amor,
Pois cada palavra dita pelo meu querido Senhor era verdade! – (Martha Snell Nicholson)

3- Razões de segurança relacionadas ao Espírito:

a) Ele regenera - Se nascemos de novo pelo Espírito quando cremos, e se podemos perder a salvação ao renunciar a fé, esse novo nascimento também estaria perdido.

b) Ele habita - Se a salvação pudesse ser perdida, então a presença do Espírito na vida do cristão seria removida. O cristão ficaria desabitado.

c) Ele batiza - O Espírito une o cristão ao corpo de Cristo quando crê (1 Co 12:13). Portanto, se a salvação pudesse ser perdida, o cristão precisaria ser arrancado do corpo de Cristo.

d) Ele sela - O Espírito sela o cristão até o dia da redenção (Ef 4:30). Se a salvação pode ser perdida, então seu selo não dura até o dia da redenção, mas somente até o dia do pecado, ou da apostasia, ou ainda da incredulidade.

É claro que não há base bíblica para a perda do novo nascimento pelo cristão, nem para o fato de ficar desabitado, ou ser removido do corpo de Cristo (mutilando assim seu corpo), ou ainda ter o selo removido. A salvação é eterna e completamente segura para todos os que creem.

Em resumo: os cristãos pecam e são advertidos contra uma falsa profissão de fé e imaturidade cristã, mas, uma vez concedido, Deus jamais toma de volta o dom de sua salvação.

Os cristãos nem sempre perseveraram em piedade. Pedro não o fez (Gl 2:11). Muitos cristãos de Éfeso tão pouco conseguiram (At 19:18). Ló também não (2 Pe 2:7). No tribunal de Cristo, algumas obras serão queimadas e alguns serão salvos “como que pelo fogo” (1 Co 3:15).

Mesmo que cada cristão produza algum fruto (1 Co 4:5), fica difícil, se não impossível, precisar a quantidade e a qualidade do que cada um apresentará. Por isso, é difícil fazer qualquer juízo da condição espiritual de cada um.

Conclusão:

A salvação é um ato da soberania de Deus e não da capacidade humana de se santificar e, por conseguinte através de seus esforços conquistá-la.

Você não pode perder aquilo que não vem de você, que não pertence a você. A salvação não pertence a você (no sentido de você tê-la conquistado e que por isso tem o domínio sobre ela), ela é algo que provém de Deus, da soberania de Deus e que pertence a Deus, e Deus, pela sua graça nos salva, e isto não vem de nós, é dom de Deus (Ef 2:8).

Por isso, quando você diz que “perdeu sua salvação”, automaticamente você está dizendo que perdeu algo que não vem de você e que não está sobre o seu controle ou domínio, e isso faz com que você negligencie a soberania de Deus na salvação humana, desprezando assim o sacrifício vicário de Jesus pelos nossos pecados e colocando o homem como o controlador do seu destino.

Obs: Recomendo que você procure nesse mesmo blog um artigo que publiquei sobre a predestinação, para que você possa entender mais sobre esse assunto soteriológico

Bibliografia:

Ryrie, Charles Caldwell, 1925 – Teologia Básica – Ao alcance de todos – São Paulo: Mundo Cristão, 2004

Bíblia Sagrada


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