Algumas
pessoas evitam falar de alguns assuntos porque podem gerar polêmica. Assuntos
que envolvem usos e costumes, predestinação e livre arbítrio, vida após a morte,
aborto, dia a ser guardado, entre outros, geralmente são evitados. O argumento
é que “religião e crença não se discutem”. É uma das frases menos lógicas que
existe, pois a religião deve ser discutida, se é lógica ou não, se tem base na
Bíblia ou não.
Um dos
assuntos que tem gerado grande debate é a guarda do sábado. Alguns guardam o
sábado, outros guardam o domingo e outros não guardam dia algum. É um “eterno”
debate entre algumas denominações e seitas. A Bíblia não proíbe ninguém de
guardar sábado, domingo, terça ou qualquer outro dia, mas ela condena aqueles
que pregam a guarda de um dia como condição para a salvação. Infelizmente a
igreja tem se omitido em sua missão apologética e tem permitido vários
conceitos legalistas confundirem a mente dos cristãos “menos avisados”.
Muitos
evangélicos têm ficado confusos quando encontram algum adepto de uma seita e
são praticamente convencidos de que não são salvos porque não praticam
determinada coisa. E uma das doutrinas mais comuns pregadas por algumas seitas
é que quem não guarda o sábado não é salvo. Analisemos isto dentro das
Escrituras Sagradas.
O grupo
herético que predominava na época dos apóstolos chamava-se “gnosticismo”. Era
uma seita que pregava que o conhecimento era a maior virtude da vida de uma
pessoa. Dividiam as pessoas em hílicos, psíquicas e pneumáticas. Uma das
doutrinas gnósticas era pregar que Jesus Cristo não tinha vindo em carne (I Jo
4:1-2) e que Cristo na realidade apenas tinha entrado no corpo de Jesus (que
seria outra pessoa na visão gnóstica) no ato do batismo e o abandonado no ato
da crucificação. Os apóstolos combateram com veemência o gnosticismo em suas
epístolas.
Hoje, não
temos mais os apóstolos, mas temos pastores e mestres, que têm a obrigação de
combater heresias que prejudicam a vida da igreja. O
argumento de alguns adeptos da guarda do
sábado é que Jesus não veio destruir a Lei, mas cumpri-la (Mt 5:17). E também
falam que Jesus aboliu apenas a “Lei Cerimonial” e não a “Lei Moral” (que
seriam os dez mandamentos), escrita pelos dedos de Deus. Antes de tudo, o
Antigo Testamento da Bíblia não faz esta distinção entre Lei Moral e
Cerimonial, e os judeus consideram os cinco primeiros livros da Bíblia
(Pentateuco ou Torah) como uma única lei, proveniente de Deus. De fato, Jesus
não veio destruir a Lei, mas o próprio Antigo Testamento prevê que Deus faria
um concerto com seu povo muito superior à Lei Mosaica, um concerto que
envolveria transformação interna, não rituais externos (Jr 31:31-33).
Este novo
concerto, o Novo Testamento da Bíblia, não traz a guarda do sábado como
condição para agradar a Deus. Vejamos o que diz o apóstolo Paulo: “Um faz
diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja
inteiramente convicto em sua própria mente.” (Rm 14:5)
Se o sábado
fosse uma prática para a igreja, Paulo teria repreendido os que “consideram
iguais todos os dias” e dito a eles que o “verdadeiro dia” é o sábado. Mas o
interessante é que Paulo não agiu como os adeptos das seitas, mas deu liberdade
às pessoas para guardarem o dia que quiserem. Apesar de dar esta liberdade, o
apóstolo se preocupou com aqueles que estavam guardando o sábado e achando que
isto os salvaria. Vejamos: “Guardais dias, meses, tempos e anos. Temos a vosso
respeito não haja eu trabalhado em vão entre vós” (GL 4:10,11)
Os sabatistas
dizem que estes dias são os sábados cerimoniais e não os semanais. Mas o
apóstolo Paulo, ao falar sobre meses e anos, já estava se referindo aos sábados
cerimoniais. Logo, quando fala de dias, só pode estar se referindo aos sábados
semanais. E Paulo, ao ver que estes irmãos estavam guardando o sábado para se
salvar, temeu que seu trabalho de evangelismo tivesse sido em vão.
Mais uma vez,
repreendendo os judaizantes (pregadores do judaísmo), Paulo escreve: “Ninguém
vos julgue pelo comer, pelo beber, por causa de dias de festa, lua nova ou de
sábados. Que são sombras das coisas vindouras, mas o corpo é de Cristo.” (CL
2:16,17) Como sabemos, os judaizantes pregavam a guarda do sábado para a
igreja.
Mais uma vez
os sabatistas apelam e dizem que Paulo aqui se refere a sábados cerimoniais e
não os semanais. Erram novamente, pois Paulo já fala dos sábados cerimoniais ao
falar de dias de festa (sábados anuais) e lua nova (sábados mensais). Logo, os
dias de sábado do versículo 16 são os sábados semanais, que Paulo disse que era
apenas tipológico, representava Cristo, e não é mais necessário guardá-lo para
agradar a Deus.
Que não nos
deixemos envolver por doutrinas que trazem perdição e são prejudiciais ao corpo
de Cristo, a igreja. Que a verdade bíblica seja conhecida por nós, para que não
venhamos a errar (Mt 22:29). Deus nos deu liberdade de expressão, e alguns
abusam disto para pregar heresias. Cristo aboliu a lei (Rm 10:4; Hb 7:16), e
aquele que quer guardá-la, torna o sacrifício de Cristo vão e sua salvação vai
“por água abaixo”.
Autor: Julio Cezar - Brasil para Cristo - São Paulo - julio_lazzari@ig.com.br