“Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Romanos 12:20,21
Este conceito, original de provérbios (Pv 25:21,22), foi usado pelo apóstolo Paulo mais de mil anos depois (Rm 12:20), e, ao contrario do que muitos pensam, ele não tem nada a ver com brasas na cabeça de quem faz o bem (significando até mesmo avivamento, como alguns dizem), e sim sobre a cabeça daquele que RECEBE o bem.
Esta passagem não trás nenhuma ligação com avivamento ou renovo espiritual, mas sim com vencer o mal com o bem (v.21; Pv 25:15).
“Havia um ritual egípcio, de expiação de culpa, segundo o culpado se obrigava a caminhar pela cidade com uma bacia de carvões em brasa sobre a cabeça. Sendo assim, essa metáfora, especialmente na época de Salomão, podia ser compreendida perfeitamente: A bondade pode fazer o papel das brasas vivas na consciência de uma pessoa culpada, fazendo que ela se dobre a verdade e abrace a sensatez (Ex 23:4,5;; 2 Rs 6:21-23; 2 Cr 28:15; Pv 20:22)...” (nota da BKJA de Pv 25:21-22)
Jesus nos orienta a não somente amar os nossos inimigos, mas também a orar por eles (Mt 5:44). O testemunho carrega em si um poder muito forte de convencimento, aliás, uma fé sem obras é morta (Tg 2:17). Quando fazemos o bem a um inimigo, o fazemos repensar sobre os seus próprios feitos, inclusive sobre o mal que tem praticado contra nós, é neste sentido que as “brasas vivas” se acumularão sobre a cabeça dele. A boa ação para com o inimigo poderá fazer com que este venha a refletir sobre as suas obras, podendo vir assim a se arrepender de suas maldades, aplacando a sua ira e até mesmo ser alcançado pelo amor de Cristo, vindo a abraçar a fé através do bom testemunho de um cristão verdadeiro. “A resposta branda (ações brandas e de amor também) desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” (Provérbios 15:1)
“Brasa viva: Uma expressão proverbial que significa manter viva (por meio das boas ações que você faz ao seu inimigo) a lembrança do erro que ele cometeu contra você (que deve doer nele como se brasas vivas estivessem amontoadas sobre sua cabeça), para que ele se arrependa o mais rápido possível. Os árabes denominam coisas que causam fortes dores mentais como ‘brasas queimando na cabeça’ e de ‘fogo no fígado’.” (dicionário de Strong, G440)
A melhor maneira de se tratar um inimigo é fazer dele nosso amigo. Porventura, não foi exatamente isso que Deus fez por nós?!
“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (inimigos). Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados (feitos amigos) com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados (feitos amigos), seremos salvos pela sua vida.” (Romanos 5:8-10)
Por Hamilton Fonseca