sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A doutrina da providência



“As obras da providência de Deus são a sua maneira muito santa, sábia e poderosa de preservar e governar todas as ações delas” (Breve Catecismo de Westminster, p. 11). 

Se a criação do mundo foi um exercício único da energia divina que criou todas as coisas, a providencia é um exercício continuado da mesma energia. Por meio dela o Criador, de acordo com sua própria vontade, preserva todas as criaturas, envolve-se em todos os acontecimentos e dirige todas as coisas aos seus fins determinados. Deus está totalmente no comando do seu mundo. Sua mão pode estar escondida, mas seu governo perfeito abrange todas as coisas.

Imagina-se, às vezes, que Deus conhece o futuro, mas não tem controle sobre ele; que ele sustenta o mundo, mas não interfere nele, ou que ele dá ao mundo uma direção geral, mas não se preocupa com detalhes. A bíblia, enfaticamente, rejeita todas essas limitações de sua providência.

A bíblia ensina, claramente, o controle providencial de Deus:

1- Sobre o universo em geral (Sl 103:19; Dn 4:35; Ef 1:11)

2- Sobre o mundo físico (Jó 37; Sl 104:14; 135:6; Mt 5:45)

3- Sobre a criação irracional (Sl 104:21,28; Mt 6:26; 10:29)

4- Sobre os negócios das nações (Jó 12:23; Sl 22:28; 66:7; At 17:26)

5- Sobre o nascimento e destino na vida do homem (1Sm 16:1; Sl 139:16; Is 45:5; Gl 1:15-16)

6- Sobre o sucesso externo e fracassos na vida do homem (Sl 75:6-7; Lc 1:52)

7- Sobre coisas aparentemente acidentais ou insignificantes (Pv 16:33; Mt 10:30)

8- Na proteção dos justos (Sl 4:8; 5:12; 63:8; 121:3; Rm 8:28)

9- Em suprir as necessidades do seu povo (Gn 22:8,14; Dt 8:3; Fp 4:19)

10- Em responder as orações (1Sm 1:19; Is 20:5-6; 2Cr 33:13; Sl 65:2; Mt 7:7; Lc 18:7-8)

11- No desmascaramento e punição do ímpio (Sl 7:12-13; 11:6) 

(L. Berkhof, Systematic Theology, 2ª edição revista [Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1941], p.168).

Descrever o envolvimento de Deus no mundo e nos atos das criaturas racionais exige considerações complementares. Por exemplo, uma pessoa deseja uma ação, um evento é produzido por causas naturais ou Satanás mostra sua mão – Contudo, Deus anula. Além disso, pessoas podem ir contra a vontade do mandamento de Deus – contudo, cumprem sua vontade nos acontecimentos. O motivo das pessoas pode ser mau – contudo Deus usa suas ações para o bem (Gn 50:20, At 2:23).

Embora o pecado humano esteja sobre o decreto de Deus, Deus não é o autor do pecado (Tg 1:13-17).

O envolvimento “concorrente” ou “confluente” de Deus em tudo o que ocorre não viola a ordem natural, os processos naturais em andamento ou a ação livre e responsável dos seres humanos. O controle soberano de Deus não anula a responsabilidade e o poder das segundas causas; ao contrário, essas causas foram criadas e exercem suas funções por determinação divina.

Dos males que contaminam o mundo de Deus (males espirituais, morais e físicos), a bíblia diz: Deus permite o mal (At 14:16); usa o mal como uma punição (Sl 81:11-12; Rm 1:26-32); do mal tira o bem (Gn 50:20; At 2:23; 4:27-28; 13:27; 1Co 2:7-8); usa o mal para testar e disciplinar aqueles a que ama (Mt 4:1-11; Hb 12:4-14); um dia, porém, Deus redimirá totalmente seu povo do poder e da presença do mal (Ap 21:27; 22:14-15).

A doutrina da providência ensina aos cristãos que eles nunca estão presos a sorte cega, à casualidade, ao acaso ou ao destino. Tudo o que lhes acontece é divinamente planejado, e cada acontecimento chega como um novo convite a confiar, a obedecer e a regozijar-se, sabendo que todas as coisas ocorrem para o seu bem espiritual e eterno (Rm 8:28).

Bibliografia:

Bíblia de Estudo de Genebra

Breve Catecismo de Westminster, p. 11

L. Berkhof, Systematic Theology, 2ª edição revista [Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1941], p.168


Nenhum comentário:

Postar um comentário