quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O Diabo de Deus



“O Diabo é o diabo de Deus.” - Martinho Lutero 

É muito comum encontramos alguns cristãos que acreditam na liberdade de ação de Satanás, como se ele fosse livre para fazer o que bem entendesse, à parte de Deus e por suas próprias escolhas.

Mas não é isso que a bíblia nos apresenta. Encontramos nas Escrituras um Diabo que está completamente sujeito a autoridade e supremacia divina, um Diabo que é limitado por Deus e restringido por Ele. Satanás não tem poder para ultrapassar os limites impostos por Deus, tudo o que ele intentou contra a vida de Jó estava sobre o domínio da Soberania do SENHOR, nada estava ausente dEle. (Jó 1:6-12; 2:1-6) 

Nenhum acontecimento da história está ausente de Deus, inclusive o mal, que hora ou outra sobrevém tanto aos homens quanto ao mundo, pelos Seus propósitos e desígnios.

Cristãos não são deístas, ou seja, não acreditamos em um Deus que criou o universo e depois se ausentou dele, deixando os homens ao seu bel-prazer, sem interferir em nada sobre suas ações. Não! Acreditamos em um Deus que está presente no mundo e em suas dimensões, e, mais do que isso, acreditamos em um Deus que não somente está no mundo, mas que também governa o mundo, com destreza e total independência.

Sabemos que a bíblia se refere a Satanás como "o deus deste mundo." (2 Coríntios 4:4), no sentido de que suas influências e ideias estão presentes sobre a maioria das pessoas, que vivem completamente motivadas por suas próprias paixões e concupiscências. Porém, toda e qualquer ação praticada por ele se encontra dentro de um limite imposto por Deus, que por sua sabedoria e soberania, permitiu que ele tivesse certa influência sobre algumas coisas e pessoas, mas, tudo isso dentro de um limite estabelecido pelo próprio Criador.

Vale ressaltar que os verdadeiros crentes não se encontram sobre o domínio de Satanás, pois Deus "nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados." (Colossenses 1:13-14). Os que são nascidos de Deus o maligno não toca (1 João 5:18). Por outro lado, os incrédulos estão presos na "armadilha do diabo, que os aprisionou para fazerem a sua vontade." 2 Timóteo 2:26

Quando compreendermos isto, não mais temeremos as afrontas e adversidades da vida, pois, todas as pessoas, todas as coisas, todos os acontecimentos da história, estão, de uma forma ou de outra, caminhando em conformidade com os decretos de Deus, tanto com os revelados quanto com os ocultos. De maneira que tudo contribui com os sEus desígnios, sendo impossível aos homens, aos seres criados e as circunstâncias, frustrarem qualquer milímetro da Sua grandeza e majestade (Jó 42:2). "... É isso que significa ser Deus, nada menos que isso." Steve Lawson


"O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios..." Provérbios 16:4

Até a próxima...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Amando os que estão longe sem desconsiderar os que estão perto




Muitos cristãos possuem dentro de si o desejo de anunciar a mensagem do evangelho aos quatro cantos do mundo. O problema não consiste nisto, mas no fato da grande maioria destes cristãos se preocuparem tanto com os que se encontram longe, a ponto de desconsiderarem aqueles que se encontram tão perto

Antes de querer ganhar a África pra Cristo, ganhe o seu vizinho, o seu amigo, o seu colega de trabalho.

A necessidade do homem por Deus ultrapassa os limites de uma fronteira. O perdido que se encontra em seu bairro carece tanto do Jesus que liberta quanto o perdido que está do outro lado do mundo. O cristianismo vai além do humanitarismo, caso contrário, qualquer instituição de caridade estaria cumprindo o Ide de Cristo. 

Devemos fazer isto sem omitir aquilo, pois, a maior necessidade do homem continua sendo Deus.

Como bem disse James Montgomery Boice:

"...Nós devemos alimentar os famintos, vestir os despidos e visitar os prisioneiros. 

Mas as principais necessidades das pessoas ainda são espirituais, e a obra social não é substituto adequado para a evangelização. Na verdade, o empenho em ajudar as pessoas só será verdadeiramente eficiente se seu coração e mente forem transformados pelo evangelho. Isso separa os crentes reformadores do simples humanitarismo.

Tem-se alegado que, para a Teologia Reformada, qualquer pessoa que crê e faça parte da linha reformada perderá toda a motivação para a evangelização. “Se Deus vai agir, porque devo me preocupar?”, mas não é assim que funciona. É porque Deus executa a obra que nós podemos ter coragem de nos unirmos a Ele, da forma como Ele nos ordena a agir. Nós agimos assim alegremente, sabendo que nossos esforços jamais serão em vão."

Comece a cumprir o Ide pelos que estão ao seu alcance, e depois sim, conforme a graça que Deus lhe deu, amplie o alvo, segundo o propósito que Deus estabeleceu em seu coração.

Por Hamilton Fonseca

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A bíblia e o movimento gospel



A bíblia e o movimento gospel são dois lados que nunca se encontram. De um lado temos a verdade absoluta de Deus entregue aos homens, que são as Escrituras, do outro lado temos um movimento que diz se pautar nas Escrituras, porém, nem de perto se aproxima daquilo que a verdade de Deus nos apresenta.


Observando estes dois lados, irei apresentar abaixo o que eu aprendo tanto com um quanto com o outro, e o leitor conclua por si mesmo qual deles de fato devem ser observados pelos cristãos:

Com o movimento gospel eu aprendo que meus inimigos receberão o mal devido por não acreditarem em mim, e terão que contemplar da plateia a minha vitória com sabor de mel.

Com a bíblia eu aprendo que é necessário que eu ame tanto o meu próximo quanto o meu inimigo, sem desejar o mal deles. Ela ainda me instrui a orar por eles, pois fazendo isto, me tornarei de fato um filho de Deus. (Mt 5:42-48)

Com o movimento gospel eu aprendo que o dinheiro e as bênçãos são um sinal da aprovação de Deus.

Com a bíblia eu aprendo que eu não posso servir a Deus e ao dinheiro; ela ainda me diz que o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males. (Lc 16:13; 1 Tm 6:10)

Com o movimento gospel eu aprendo que o melhor de Deus ainda está por vir.

Com a bíblia eu aprendo que o melhor de Deus já veio. Jesus Cristo é o melhor de Deus!

Com o movimento gospel eu aprendo a determinar a minha benção, bem como a exigir os meus direitos e a proclamar os meus valores.

Com a bíblia eu aprendo a aceitar a vontade de Deus, seja ela qual for. (Mt 26:39)

Com o movimento gospel eu aprendo que eu preciso “pagar o preço” e fazer por onde, para alcançar as bênçãos de Deus.

Com a bíblia eu aprendo que “tudo é pela graça na vida cristã, do inicio ao fim”. (Martyn Lloyd-Jones)

Com o movimento gospel eu aprendo que eu devo fazer campanhas, correntes, vigílias, e orações no monte para alcançar as bênçãos de Deus. Aprendo também que é preciso participar com dinheiro em algumas dessas campanhas e correntes, afinal, não posso vir a Deus de mãos vazias..

Com a bíblia eu aprendo novamente que “tudo é pela graça na vida cristã, do inicio ao fim”. (Martyn Lloyd-Jones)

Com o movimento gospel eu aprendo a ser próspero.

Com a bíblia eu aprendo a ser servo. (Mc 9:30-50)

Com o movimento gospel eu aprendo a ganhar.

Com a bíblia eu aprendo a compartilhar. (At 2:44-45)

Enfim, eu poderia continuar eternamente apresentando as contradições de um ensino com o outro, mas creio que estes já sejam o suficiente. 

Que não venhamos pautar nossas vidas nos modismos, legalismos, e antropocentrismos do movimento gospel. Mas que nossas vidas estejam firmadas nas Escrituras, e que elas venham ser a nossa ÚNICA regra de fé e prática, desde agora e para sempre. 

Antes de encerrar este texto, gostaria que você meditasse na seguinte frase: “Você é realmente um cristão ou apenas faz parte do circo chamado igreja evangélica moderna?" Paul Washer

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Os atos de justiça de um crente são trapos imundos?



por Kevin DeYoung

Muitos são os cristãos que creem que todos os seus atos justos não passam de trapos imundos. Afinal, é o que Isaías 64.6 parece dizer: até mesmo nossos melhores feitos são imundos e destituídos de valor. Mas não penso ser isso que Isaías quis dizer. Os “atos de justiça” que Isaías tinha em mente eram, muito provavelmente, os rituais superficiais oferecidos por Israel, desprovidos de uma fé e de uma obediência sinceras. Em Isaías 65.1-7, o Senhor rejeita os sacrifícios pecaminosos de Israel. Eles são um insulto ao Senhor, fumaça para seu nariz, assim como a “obediência” ritualista de Isaías 58 não impressionou ao Senhor porque seu povo continuava oprimindo o pobre. Os “atos de justiça” eram “trapos imundos” porque não eram nem um pouco justos. Tinham aparência boa, mas não passavam de farsa, literalmente uma cortina de fumaça para acobertar a incredulidade e a desobediência deles.

Por isso, não deveríamos pensar que todo “ato de justiça” nosso é como trapos imundos aos olhos de Deus. Aliás, no versículo anterior, Isaías 64.5, Isaías declara: “Vens ajudar aqueles que praticam a justiça com alegria, que se lembram de ti e dos teus caminhos”. Não é impossível o povo de Deus praticar atos de justiça que agradam a Deus. John Piper explica:

“Às vezes as pessoas são descuidadas e falam de forma negligente sobre toda a justiça humana, como se não houvesse nada que agradasse a Deus. Muitas vezes elas citam Isaías 64.6 que diz que nossa justiça é como ‘trapo de imundícia’. É verdadeiro – gloriosamente verdadeiro – que ninguém do povo de Deus, antes ou depois da cruz, seria aceito pelo Deus imaculadamente santo se a justiça perfeita de Cristo não nos fosse imputada (Romanos 5.19; 1 Coríntios 1.30; 2 Coríntios 5.21). Mas isso não quer dizer que Deus não produza nessas pessoas ‘justificadas’ (antes e depois da cruz) uma justiça experiencial que não é ‘trapo de imundícia’. Ao contrário, ele o faz; e essa justiça é preciosa a Deus e é exigida, não comofundamento da justificação (que é a justiça de Cristo somente) mas como evidência de sermos filhos verdadeiramente justificados de Deus”.[1]

É perigoso ignorar-se a suposição, e expectativa, da Bíblia, de que a justiça é possível. É claro que nossa justiça jamais é capaz de aplacar a ira de Deus. Precisamos da justiça imputada de Cristo para isso. Tem mais: não temos como produzir justiça em nossa própria força. Mas como crentes nascidos de novo, é possível agradarmos a Deus por meio de sua graça. Os que geram fruto em cada boa obra e crescem no conhecimento de Deus são totalmente agradáveis a Deus (Cl 1.10). Apresentar nosso corpo como sacrifício vivo agrada a Deus (Rm 12.1). Cuidarmos de nosso irmão mais fraco agrada a Deus (Rm 14.18). Obedecer nossos pais agrada a Deus (Cl 3.20). Ensinar a Palavra de forma autêntica agrada a Deus (1 Ts 2.4). Orar por autoridades de governo agrada a Deus (1 Tm 2.1-3). Sustentar familiares em necessidade agrada a Deus (1 Tm 5.4). Partilhar recursos financeiros com outros agrada a Deus (Hb 13.16). Agrada a Deus quando guardamos os seus mandamentos (1 João 3.22). Em linhas gerais, sempre que você confia em Deus e o obedece, ele se agrada disso.[2]

Pensamos ser marca de sensibilidade espiritual considerar tudo que fazemos como moralmente suspeito. Mas essa não é a forma da Bíblia pensar acerca da justiça. Ainda mais importante, tal tipo de resignação não retrata a verdade acerca de Deus. A. W. Tozer está correto:

Um mundo de infelicidade sobrevém a bons cristãos até mesmo hoje, a partir de um falso entendimento de quem Deus é. Pensa-se na vida cristã como algo lúgubre, um carregar de cruz cuja monotonia não sofre solução de continuidade, sob os olhos de um Pai rígido que espera muito e nada desculpa. Ele é austero, rabugento, tremendamente temperamental e extremamente difícil de agradar.[3]

Mas esta não é a forma de se enxergar o Deus da Bíblia. Nosso Deus não é um capataz caprichoso. Não é hipersensível nem inclinado a ataques de raiva por causa da menor ofensa. Ele é tardio em irar-se e cheio de amor (Ex 34.6). “Ele não é difícil de agradar”, relembra-nos Tozer, “embora possa ser difícil de satisfazer”. [4]

Por que é que imaginamos um Deus tão indiferente diante de nossas sinceras tentativas de obedecer? Ele é, afinal de contas nosso Pai celeste. Que pai seria capaz de olhar para o cartão de aniversário feito pela filha e reclamar porque não gostou das cores? Que mãe haveria de dizer ao filho, depois deste limpar a garagem, mas colocar as latas de tinta nas prateleiras errada: “Isso tudo nada vale aos meus olhos”? Que tipo de pai ou mãe reage com impaciência diante do primeiro tombo do filho ao aprender a andar de bicicleta? Não há justiça que nos torne retos diante de Deus exceto pela justiça de Cristo. Mas para os que foram feitos retos diante de Deus exclusivamente pela graça mediante a fé, tendo, portanto, sido adotados na família de Deus, muitos de nossos atos de justiça não só não são imundos aos olhos de Deus, eles são doces, preciosos e agradáveis a ele.

[1] John Piper, Graça Futura (São Paulo, SP: Shedd Publicações, 2009), pág. 148
[2] Veja Wayne Grudem, “Pleasing God by Our Obedience”, em For the Fame of God’s Name: Essays in Honor of John Piper, ed. Sam Storms and Justin Taykir (Wheaton, IL: Crossway, 2010), pág. 277.
[3] A. W. Tozer, The Best of A. W. Tozer, Volume 1 (Grand Rapids, MI: Baker, 1978), pág. 121.
[4] Ibid.

Trecho do livro "A Brecha em Nossa Santidade" de Kevin DeYoung, publicado pela Editora Fiel



terça-feira, 3 de setembro de 2013

O argumento do Deus que é Pai



Quando falamos em salvação e perdição, grande parte dos cristãos se utilizam do seguinte argumento: "Como pode Deus, que é um Pai amoroso, permitir ou mandar alguns de seus filhos ao inferno? Que Pai faria isso?"

Mas a questão que deve ser observada é que, Deus não é Pai da humanidade em geral, Deus não é Pai daqueles que serão lançados no inferno, segundo a bíblia nos relata. Na verdade, Deus é Pai daqueles que são salvos, Deus é Pai dos cristãos genuínos, daqueles que fazem parte de seu rebanho.

As Escrituras nos dizem quem são os filhos de Deus, veja:

"Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu.

Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.

Contudo, AOS QUE O RECEBERAM, AOS QUE CRERAM EM SEU NOME, deu-lhes o direito de se tornarem FILHOS DE DEUS, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, MAS NASCERAM DE DEUS." João 1:10-13 (ênfase acrescentada)

Deus não é Pai de cristãos nominais, Deus não é Pai de ímpios e perversos, Deus não é Pai da igreja visível, mas da Igreja invisível.

O apóstolo João faz uma clara distinção entre aqueles que são filhos de Deus e aqueles que são filhos do diabo, isso mesmo, do diabo, veja:

"Desta forma sabemos quem são os filhos de Deus e quem são os filhos do diabo: quem não pratica a justiça não procede de Deus; e também quem não ama seu irmão." 1 João 3:10

O próprio Jesus se referiu a alguns judeus como sendo filhos do diabo, e não de Deus, veja:

"Disse-lhes Jesus: "Se Deus fosse o Pai de vocês, vocês me amariam, pois eu vim de Deus e agora estou aqui. Eu não vim por mim mesmo, mas ele me enviou... "VOCÊS PERTENCEM AO PAI DE VOCÊS, O DIABO, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele." João 8:42,44 (ênfase acrescentada)

Como bem disse Driscoll: "não podemos deixar o nosso Jesus 'paz e amor' ser um substituto do Rei dos reis e Senhor dos senhores."

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Os altos e baixos da vida



Observem comigo estas duas passagens que têm como o mesmo autor o rei Davi:

“Em paz me deito e logo pego no sono, porque só tu Senhor me faz repousar com segurança.” Salmo 4.8 - Nesta passagem, o rei Davi rende graças a Deus por se deitar e logo pegar no sono. 

Agora, observem o contraste que encontramos dois salmos depois:

“Já estou cansado do meu gemido, toda a noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas.” Salmo 6:6

Da noite de paz e sono tranquilo, Davi agora está comparando a sua cama como uma piscina de lagrimas, e a sua noite como períodos angustiantes.

É interessante ressaltar que não existem "super-crentes", que estão imunes as dificuldades da vida. Salomão nos diz que "tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro..." (Ec 9:2). A diferença em relação ao ímpio e ao justo é que o justo possui Deus como o seu refúgio e fortaleza, como o seu "socorro bem presente na angústia." Sl 46:1

Se assim como Davi você vem enfrentando momentos de turbulência e de grande tristeza, não desamine, o mesmo Davi que enfrentou estes altos e baixos da vida, nos deixou um belo texto e um grande exemplo. Este mesmo Davi que escreveu o salmo 4 e o salmo 6, também escreveu o salmo 30, que no verso 5 nos diz que:

"O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã."

Davi termina o salmo 30 com as seguintes palavras:

"Mudaste o meu pranto em dança, a minha veste de lamento em veste de alegria, para que o meu coração cante louvores a ti e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te darei graças para sempre." Salmos 30:11-12

E no salmo 6, que é o mesmo salmo onde Davi compara a sua cama como um leito de lágrimas, ele termina da seguinte maneira:

"O Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor aceitou a minha oração. Serão humilhados e aterrorizados todos os meus inimigos; frustrados, recuarão de repente." Salmos 6:9-10

Dito isto, encerro este texto na certeza da soberania divina sobre todas as coisas. Como bem disse o pastor John Piper: "Os cristãos nunca se encontram em determinado lugar por acidente. Existem razões para as quais somos levados onde estamos."

Se animem, pois Ele mesmo prometeu estar conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém. Mateus 28:20

sábado, 31 de agosto de 2013

O que é "liberdade no Espírito"?



Um dos argumentos mais usados para se justificar coisas estranhas que acontecem nos cultos evangélicos neopentecostais é a declaração de Paulo em 2Coríntios 3:17:

"Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade".

O raciocínio vai mais ou menos assim: quando o Espírito de Deus está agindo num culto, Ele impele os adoradores a fazerem coisas que aos homens podem parecer estranhas, mas que são coisas do Espírito. Se há um mover do Espírito no culto, as pessoas têm liberdade para fazer o que sentirem vontade, já que estão sendo movidas por Ele, não importa quão estranhas estas coisas possam parecer. E não se deve questionar estas coisas, mesmo sendo diferentes e estranhas. Não há regras, não há limites, somente liberdade quando o Espírito se move no culto.

Assim, um culto onde as coisas ocorrem normalmente, onde as pessoas não saltam, não pulam, não dançam, não tremem e nem caem no chão, este é um culto frio, amarrado, sem vida. O argumento prossegue mais ou menos assim: o Espírito é soberano e livre, Ele se move como o vento, de forma misteriosa. Não devemos questionar o mover do Espírito, quando Ele nos impele a dançar, pular, saltar, cair, tremer, durante o culto. Tudo é válido se o Espírito está presente.

Bom, tem algumas coisas nestes argumentos com as quais concordo. De fato, o Espírito de Deus é soberano. Ele não costuma pedir nossa permissão para fazer as coisas que deseja fazer. Também é fato que Ele está presente quando o povo de Deus se reúne para servir a Deus em verdade. Concordo também que no passado, quando o Espírito de Deus agiu em determinadas situações, a princípio tudo parecia estranho. Por exemplo, quando Ele guiou Pedro a ir à casa do pagão Cornélio (Atos 10 e 11). Pedro deve ter estranhado bastante aquela visão do lençol, mas acabou obedecendo. Ao final, percebeu-se que a estranheza de Pedro se devia ao fato que ele não havia entendido as Escrituras, que os gentios também seriam aceitos na Igreja.

Mas, por outro lado, esse raciocínio tem vários pontos fracos, vulneráveis e indefensáveis. A começar pelo fato de que esta passagem, "onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2Cor 3:17) não tem absolutamente nada a ver com o culto. Paulo disse estas palavras se referindo à leitura do Antigo Testamento. Os judeus não conseguiam enxergar a Cristo no Antigo Testamento quando o liam aos sábados nas sinagogas pois o véu de Moisés estava sobre o coração e a mente deles (veja versículos 14-15). Estavam cegos. Quando porém um deles se convertia ao Senhor Jesus, o véu era retirado. Ele agora podia ler o Antigo Testamento sem o véu, em plena liberdade, livre dos impedimentos legalistas. Seu coração e sua mente agora estavam livres para ver a Cristo onde antes nada percebiam. É desta liberdade que Paulo está falando. É o Senhor, que é o Espírito, que abre os olhos da mente e do coração para que possamos entender as Escrituras.

A passagem, portanto, não tem absolutamente nada a ver com liberdade para fazermos o que sentirmos vontade no culto a Deus, em nome de um mover do Espírito.

E este, aliás, é outro ponto fraco do argumento, pensar que liberdade do Espírito é ausência de normas, regras e princípios. Para alguns, quanto mais estranho, diferente e inusitado, mais espiritual! Mas, não creio que é isto que a Bíblia ensina. Ela nos diz que o fruto do Espírito é domínio próprio (Gálatas 5:22-23). Ela ensina que o Espírito nos dá bom senso, equilíbrio e sabedoria (Isaías 11:2), sim, pois Ele é o Espírito de moderação (2Tim 1:7).

Além do uso errado da passagem, o argumento também parte do pressuposto que o Espírito de Deus age de maneira independente da Palavra que Ele mesmo inspirou e trouxe à existência, que é a Bíblia. O que eu quero dizer é que o Espírito não contradiz o que Ele já nos revelou em sua Palavra. Nela encontramos os elementos e as diretrizes do culto que agrada a Deus.

Liberdade no Espírito não significa liberdade para inventarmos maneiras novas de cultuá-lo. Sem dúvida, temos espaço para contextualizar as circunstâncias do culto, mas não para inventar elementos. Seria uma contradição do Espírito levar seu povo a adorar a Deus de forma contrária à Palavra que Ele mesmo inspirou.

Um culto espiritual é aquele onde a Palavra é pregada com fidelidade, onde os cânticos refletem as verdades da Bíblia e são entoados de coração, onde as orações são feitas em nome de Jesus por aquelas coisas lícitas que a Bíblia nos ensina a pedir, onde a Ceia e o batismo são celebrados de maneira digna. Um culto espiritual combina fervor com entendimento, alegria com solenidade, sentimento com racionalidade. Não vejo qualquer conexão na Bíblia entre o mover do Espírito e piruetas, coreografia, danças, gestos. A verdadeira liberdade do Espírito é aquela liberdade da escravidão da lei, do pecado, da condenação e da culpa. Quem quiser pular de alegria por isto, pule. Mas não me chame de frio, formal, engessado pelo fato de que manifesto a minha alegria simplesmente fechando meus olhos e agradecendo silenciosamente a Deus por ter tido misericórdia deste pecador.

domingo, 28 de julho de 2013

A origem do colarinho clerical



Estava vendo TV hoje quando meu filho perguntou por que eu não usava mais aquele colarinho de padre (colarinho clerical). Disse a ele que quem inventou aquela roupa foram os presbiterianos, e todo mundo começou a usar, e quem mais usa hoje são os padres. O uso da camisa de colarinho clerical é algo mais protestantes que os evangélicos imaginam e associam à Igreja Católica Romana. Mas de onde veio a camisa de colarinho clerical?


O colarinho clerical foi inventado pelo Rev. Dr. Donald McLeod (cf. citação do Glasgow Herald de 1894). Além disso, a data de 1827, dada para a invenção do colarinho destacável não é uma referência ao uso pelo clero das golas destacáveis, mas simplesmente golas destacáveis nas camisas que todos usavam.

Agora, é o Rev. Dr. Donald McLeod de Glasgow durante a última metade do século 19 que passa a usar o modelo que hoje está difundido em todo mundo como "gola de padre". O Dr. McLeod foi moderador da Assembléia Geral da The Scotland Kirk (1895) e fez uma série de palestras intituladas: "Doutrina e Validade do Ministério e dos Sacramentos da Igreja Nacional da Escócia." onde pelo uso que fez começou a difundi-las em toda a Escócia. 

Então, graças Rev. Dr. McLeod, o inventor da camisa de colarinho clerical (clergyman) esta uma floração Presbiteriana virou universal.

Por Jouberto Heringer


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Como as pessoas do antigo testamento foram salvas?



Muitos cristãos se questionam em relação a isso, dizendo, “como as pessoas do antigo testamento foram salvas, se Jesus ainda não tinha vindo? A graça de Deus já vigorava na antiga aliança?”.

A resposta é sim. A redenção da humanidade precede a própria criação, antes dos pilares da terra serem estabelecidos, o valor atemporal do sacrifício de Cristo já havia sido estabelecido como um sinal da redenção do homem.

O valor do sacrifício de Cristo é pré-mundo, de forma que Deus nos elegeu nEle antes do mundo ser mundo:

“Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor.” Efésios 1:4

Em relação à graça, veja o que Paulo diz:

“que nos salvou e nos chamou com uma santa vocação, não em virtude das nossas obras, mas por causa da sua própria determinação e graça. Esta graça nos foi dada em Cristo Jesus desde os tempos eternos,

sendo agora revelada pela manifestação de nosso Salvador, Cristo Jesus. Ele tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade por meio do evangelho.” 2 Timóteo 1:9-10

Paulo está dizendo que a graça de Cristo foi dada aos homens desde os tempos eternos, mas que só foi revelada pela manifestação de nosso Senhor (primeira vinda).

Em outras palavras, desde o começo da humanidade, o homem é salvo pela graça, através de Cristo; entendemos que Deus levava em consideração o sacrifício de Cristo na salvação das pessoas que abraçavam a fé, mesmo no antigo testamento, de forma que aqueles que depositavam sua esperança no messias redentor, que havia sido prometido desde o Éden, alcançavam, pela graça de Deus e pelo sacrifício de valor ATEMPORAL (fora do tempo) de Cristo, a salvação de suas vidas.

Não existem dois deuses, ou um “Deus” bipolar, nas escrituras sagradas, que antes de Cristo nos salvava por meio da lei, e que a partir de Cristo, nos salva mediante a graça. Não. Sempre foi pela graça, mediante a fé! A lei foi dada com o intuito de mostrar ao homem sua incapacidade de atender as exigências de um Deus Justo e Santo; Cristo veio, e cumpriu as exigências que aos homens era impossível, Ele revelou Sua graça, e comprou com Seu sangue uma Igreja que Ele amou, adornou, purificou, justificou, redimiu, e que por fim, glorificará, para louvor e glória de Seu nome. A Ele seja a Honra e a Glória!

Até a próxima...


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Tatuagens, piercings e brincos, pode ou não pode?



Muitos cristãos, principalmente os neófitos, se questionam a respeito deste tema, que causa tanta polêmica e controvérsia entre líderes e membros das mais diferentes denominações.

Porém, a verdade é que não existe sequer uma única passagem na bíblia que proíbe o cristão de usar brincos, cordões, tatuagens, piercings, maquiagens, e etc., tanto em homens quanto em mulheres.

Talvez alguém se utilize do versículo abaixo para dizer que tatuagem é pecado, mas, vamos analisar o texto:

“Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o SENHOR.” Levítico 19:28

Observe qual é a condição imposta no texto para não se fazer cortes ou marcas no corpo, “Pelos mortos”, a necromancia e a adoração aos mortos era algo comum naquela época entre os povos pagãos, e é neste sentido que a lei proibia o povo de Israel de marcarem seus corpos, em relação ao culto pagão aos mortos e etc., basta observar o contexto.

Até porque, se formos seguir isso á risca, então teremos que obedecer também o versículo anterior desta mesma passagem, que diz:

“Não cortem o cabelo dos lados da cabeça, nem aparem as pontas da barba.” Levítico 19:27

Nesta lógica, quem corta os cabelos do lado e quem apara a barba, também está em pecado. O nome disso é LEGALISMO, fuja!

Talvez, alguns outros irão dizer que o corpo é templo do Espírito Santo, e aquele blá blá blá todo, fora de contexto.. Mas, vamos analisar este contexto também:

“Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” 1 Coríntios 6:19

Agora, analise o contexto, e veja sobre o que Paulo está dizendo que seria um pecado contra o templo do Espírito Santo:

“Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo.” 1 Coríntios 6:13

“Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.” 1 Coríntios 6:18

Pecado contra o templo do Espírito Santo, segundo Paulo e segundo a bíblia, é a prostituição, a promiscuidade, e coisas do tipo, pois, “todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que SE PROSTITUI peca contra o seu próprio corpo.” 1 Coríntios 6:18

Neste mesmo contexto se encontra aquele famoso bordão gospel: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm.” 1 Coríntios 6:12

Ainda existem aqueles que dizem: “mas nós não devemos fazer nada que escandalize nossos irmãos.”, mas, afinal, o que seria esse tal de “escândalo”?

No livro de Sofonias capítulo 1 versículo 3, há uma passagem bem interessante, onde a palavra “escândalo” em algumas versões, está traduzida por “tropeço”. Esse é o sentido real do escândalo bíblico; é aquilo que faz uma outra pessoa tropeçar, aquilo que derruba alguém da fé, aquilo que impede que uma pessoa se aproxime dos caminhos de Deus.

Toda essa questão de “escândalo” precisa ser analisada à luz desse contexto, aquilo que eu estou fazendo derruba alguém da fé? Por exemplo, você acha que uma tatuagem, brinco, piercings, e etc., derruba alguém da fé? Se um crente olhar pra uma tatuagem, como a sua fé pode ficar abalada com isso? Ele no máximo vai dizer que tal pessoa não é um cristão de verdade ou coisa do tipo. Mas é impossível que um verdadeiro cristão tenha sua fé abalada por um desenho na pele de outras pessoas.

Mas o que poderia se um escândalo em relação a tatuagens, brincos, e etc.? Por exemplo, um cristão que desobedece seus pais e faz uma tatuagem, pode estar provocando um escândalo, que fará com que toda a sua família fique longe do caminho da verdade. Percebeu como os limites da nossa liberdade são bem relativos?

Alguns podem dizer: “mas se alguma atitude minha fizer um irmão ou irmã pecar, eu estarei sendo motivo de escândalo e tropeço”. Se você pensar por essa ótica, então tudo que Jesus fez foi escândalo. Pois ele levou os fariseus a pecarem o tempo todo ao o odiarem.

Agora que você já conhece o verdadeiro sentido que os versículos acima se referem, segue o conselho:

Apesar de brincos, tatuagens e etc., não serem pecado segundo a bíblia, vivemos em uma sociedade que ainda possui preconceitos em relação a isso, por exemplo, dependendo do lugar e da tatuagem que você fizer em seu corpo, poderá ser mais difícil de você conseguir um emprego e etc.

Analise tudo isso com sabedoria, e peça orientação a Deus, para que você possa tomar uma decisão correta. Lembrando que tudo em nossas vidas deve visar a glória de Deus. 1 Co 10:31

E vai aqui um conselho meu e de Paulo sobre tudo isso: “Pois, por que minha liberdade deve ser julgada pela consciência dos outros?” 1 Coríntios 10:29

Até a próxima...